domingo, 23 de setembro de 2007

O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO

(O texto abaixo é de um trabalho para a disciplina Comércio Exterior, Curso de Gestào Empreendedora - Uniceuma. Não deverá ser reproduzido com a mesma finalidade)


“A globalização está implantando nas empresas um novo conceito de produção com base na tecnologia. Novas máquinas e computadores estão substituindo o homem.”
Jeisael Marx



As transformações e limites de uma economia globalizada implicam em enormes desafios para aqueles países que pretendem ampliar as suas condições de desenvolvimento baseadas em uma inserção internacional ativa, como o Brasil. Após duas décadas de desempenho sofrível em termos de crescimento, inclusive em comparação com outros países emergentes, o maior desafio que se apresenta para a economia brasileira, é retomar as condições para o desenvolvimento em bases mais robustas e sustentadas. Isso pressupõe um novo padrão de inserção externa. “Esta é uma questão básica”, segundo o livro Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil (Editora Saraiva) de autoria do professor-doutor da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda.
Um documento da Comissão Econômica para a América Latina, da ONU, que analisa a nossa integração ao mundo globalizado, traz a seguinte citação: “Na América Latina e no Caribe, a acelerada internacionalização dos mercados e da produção, que caracteriza a atual fase da globalização, tem sido acompanhada por um intenso processo de reformas estruturais, que gerou mudanças drásticas nos regimes de incentivos à produção e ao comércio, assim como nas estratégias e formas de inserção das empresas transacionais nas economias da região”. Decidimos usá-la por conta do trecho destacado em negrito, que na década de 90 orientou a política econômica de quase todos os Governos da América Latina. Um dos elementos centrais desse modelo são as privatizações, que ajudaram os governos a reduzir a dívida externa. Para a economia brasileira, a segunda metade dos anos noventa representou uma fase em que a atração de investimentos diretos estrangeiros se mostrava imprescindível para financiar os crescentes déficits nas contas correntes do Balanço de Pagamentos.


O novo desafio para a economia brasileira, após o ajuste externo verificado desde então, é manter-se atrativo para a absorção de poupança externa, mas associar esse processo aos objetivos de desenvolvimento. Os investimentos externos podem representar uma importante fonte alternativa de financiamento do desenvolvimento, principalmente se estiverem associados à criação de novas vantagens competitivas, a projetos de exportações e de substituição de importações e a aumento da capacidade de produção.

O Brasil, a despeito da boa posição no ranking dos principais países absorvedores de investimentos diretos estrangeiros, ainda não conseguiu estabelecer uma clara estratégia de associação entre o investimento externo e os demais objetivos de diminuição da vulnerabilidade externa, ampliação das exportações de desenvolvimento de novas competências. Este ano o Brasil está perdendo participação no fluxo global de investimentos diretos estrangeiros.


É preciso atrair investimentos especialmente voltados para a ampliação da capacidade produtiva, geração de valor agregado local e incremento das exportações. O próximo passo deve abranger um conjunto de medidas adicionais, envolvendo as áreas de financiamento, promoção comercial e demais atividades, além da definição e implementação de políticas industriais. Do ponto de vista da demanda internacional, é fundamental direcionar nossa pauta exportadora àqueles produtos e nichos mais dinâmicos no comércio externo.

O desenvolvimento da produção local, especialmente nos setores de tecnologia mais avançada, é algo que extrapola a ação isolada das empresas e precisa ser articulada com as iniciativas na área acadêmica de pesquisa aplicada. Uma grande vantagem do Brasil é o potencial gigantesco de consumo do País que, na sondagem realizada pela FGV, se reflete nas intenções de investimentos das empresas: o empresariado industrial planeja investir neste ano 7% sobre o faturamento, ante 6,1% no ano passado, e com forte aumento no caso de bens intermediários (9,3%, ante 8,1%), de material de construção (5,3%, ante 4,6%) e de bens de consumo (5,2%, ante 4,3%). Intenções que podem ser afetadas por mudança na política econômica.

Há vários exemplos de empresas transnacionais instaladas no Brasil e que definiram sua plataforma de exportações a partir da excelente base de produção, propiciada pela magnitude do mercado interno. O desafio é ampliar esta base para propiciar melhores condições de desenvolvimento para o País.

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